A consolação da inércia submete-se a uma voz telefónica
A insultar a renúncia de trespassar a carne com bisturi
Sou a boneca decapitada por Paula Rego na infância
Retalhada pelas suas mãos de Alice no Pais das Maravilhas
A actriz que levanta as saias a um cão com cio
Que saliva por ordem secreta de Pavlov ao estalar
Do clítoris da menina que expele um odor frutuoso
Que o cão descobre como uma brisa de Primavera
Olha a Menina e vê as meninas do Velásquez
O macho não se permite a renunciar ao seu mundo
A sua contra-cena tem o sangue nas pontas dos cabelos
A centrifugar todo o espaço assexuado que a rodeia
Numa espiral de vigor revigorante de mutação da natureza
Humana que escolhe o cão como símbolo da fidelidade
Se estiverem há mais pelas ruas em redor do lixo
A perseguir uma cadela envenenam-se os restos
A hipocrisia é a ditadura do mal e da subserviência
Se ela atacar o cão para o barbear com uma naifa
Ele é condescendente com a sua adulação criminosa
O aparatoso reflexo dilata-se numa perífrase contagiosa
Que assalta a sociedade quando há cães esfomeados