Sunday, 22 February 2009

Auto-Retrato

Sou a inconsciência da mistura da cor
O artista que se sacrifica por uma paisagem
Que a transpõe para o circuito sanguíneo
Todos os meus excrementos são arte
A vela sobre a cadeira ou o quarto
Penduro-me na pétala de um girassol
O céu laranja circular remoinho de sol
As cores são tão sanguinárias que turvam
A imaginação obliterada por pensar em Gaugin
Que me abandonou pelas ilhas Marquesas
Por ele acendo o cachimbo e emborco absinto
Sento-me na cama e acendo uma vela
No espelho está a sua imagem
Deixo cair o meu olhar para o interior
O meu cabelo ruivo, olhar azul e barba
Seguro numa faca de matança aos porcos
E coloco a lâmina sobre a soldadura
Entre o cérebro e o rosto e faço força
Grito e o sangue escorre pelo pescoço
Deito a orelha no alguidar sujo
Gaugin dá-me a sua mão e sou eu