Friday, 6 February 2009

Francis Bacon

Bebo um wiskey e queimo incenso
Num espaço de paredes frias
Preencho as paredes de cadáveres
Retalho um rosto e colo-o à tela
O sangue circula sobre o branco
Deponho o resto do corpo preso à sanita
Para que não fujas para a prostituição
E sejas o meu modelo esfomeado
O que rasteja por mais atenção
Suplica pela restituição da vida
Aplicada numa partitura críptica
O laranja e o negro são misturados
Recorto-lhe o escalpe com a navalha
Os seus gritos são abafados pela sanita
Com o telefone dou-lhe um banho quente
O vermelho alaga a minha tela tríptico
No centro Jesus à espera de redenção
Os corvos e os abutres estão de luto
Devoram os corpos e o sangue seco
Procriam à mercê dos predadores