Friday 5 February 2010

A Prova

O vestido de repolho azul é uma estrutura em estaca
Que forma uma ondulação de virgem poderosa
A sua pele branca cobre os ossos robustos
O pescoço vira para a direita um rosto mascarado de pureza
Espelha-se num artifício que a reflecte mais magra
Na esquerda uma mulher de joelhos segura-lhe a cauda
À direita uma mulher fina e minúscula de cintura de vespa
Fixa os olhos no espectador assumindo uma elegância silenciosa
A tela que se encontra sobre a parede é um arremesso intemporal
Sobre um verde-garrafa que se vai dissipando em castanho-escuro
Biombo com um relevo de uma maternidade santificada
Na senhorinã cor-de-rosa uma menina de pernas compridas
Encaixa-se num tronco minusculo com braços fixos sobre a cintura
O cabelo com dois laços de cada hemisferio da cabeça de olhos fechados
Pende para a direita desarticulada insurgindo-se contra a normalidade
Instituida consecutivamente por um livro de notas onde se resume
Um corpo impuro e de coração de maçã sinistra que se for detonada
Explodem as figuras que ao se encontrarem expelem o vestido da noiva
A perspectiva criada a partir de diferentes ritmos cardiacos dá-lhe movimento
A uma fonte que em vez de expelir àgua precisa de ser beijada

Saturday 23 January 2010

Friday 15 January 2010

Livro de Esboços

No desenho exagero o comportamento
E liberto o humor segundo a regra popular
Do português que levanta os braços numa revista
Agradece as palmas de um poço composto por crocodilos
Que reviram os caixotes de lixo da Capital de Portugal
Intento o grotesco que se potencia em suicídio
Sou meio Homem decomposto numa métrica animalesca
Levanto o braço direito com o outro escondido na perna
A gravata escura sobre a camisa branca e rosto de palhaço
O nariz sobrepõem-se a tudo o resto como elemento centralizador
O riso a gargalhada provocada pelo infortúnio de cultivar a comédia
Pode ser a ironia que as mulheres apelidam de fatal “destino”
Um vácuo moribundo nas mãos como falos à minha mão?
Sou puxado por fios para que os meus pés cheguem à cabeça
Ou que rasteje pelo chão como se fosse uma ratazana ranhosa
À inspirar o vento rasteiro que corre num circuito do medo
Fecho os olhos e tenho a percepção de uma pátria castrati
Numa dimensão teatro à italiana num cântico oceânico
Que deixo a boiar dentro de Caravelas semeadas no Tejo.

Saturday 2 January 2010